Força das palavras

Todos os dias tento numa busca dura e interminável encontrar as palavras certas para me exprimir. Muitas vezes dou por mim a pensar que o meu próximo livro de cabeceira deveria ser o Dicionário de Lingua Portuguesa.

Todas as palavras são poucas e inadequadas. Tento escolhê-las bem, sempre sem sucesso. Penso em falar e falo sem pensar. Penso nas palavras e em quem as inventou. Pergunto-me porque é que sonho se chama sonho e não outra coisa qualquer. Na luta das palavras há sempre alguem que me ganha.

Os escritores dos livros que me apaixonam têm um poder infinito sobre essas palavras traiçoeiras. Como os invejo. Palavras que matam, apaixonam, corroem, insinuam e magoam. Depende da intrepertação de cada um e da disposição com que estão para pensar naquele momento.

Por vezes vejo nas palavras as minhas melhores amigas. Pensava que podia confiar inteiramente nelas, mas já me trairam tantas vezes. A minha relação com as palavras é uma relação onde predomina o medo e a insegurança. E se eu disser a palavra errada? E se eu for mal intrepertada?

Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras, mas uma palavra dita no momento certo e com toda a segurança pode fazer viver, mas tambem mata. As palavras deviam ser consideradas assassinas de almas (algumas com direito a pena máxima) tal é o seu poder. Mas também a sua ausência pode ser fatal. Depende do momento e da necessidade de cada um. Palavras são como a ambição, são indispensáveis se usadas com moderação.

Em cima estão algumas das palavras que dependendo do contexto podem dar uma volta de 180º na minha cabeça. São as palavras que mais desejo ouvir, ou aquelas que imploro para não serem ditas. Depende do emissor.

Há palavras que ainda estão por inventar.

Algumas partes inspiradas num texto de Caterina Parodi